As Duas Coréias. A guerra civil ideológica dividiu, há muitos anos, a Coréia em duas a comunista ao norte e a capitalista aos sul. Na demarcação territorial não se levou em conta as famílias e impôs a separação a muitas delas contra a vontade de seus membros, deixando-os incomunicáveis. No entanto, os laços familiares sempre levaram muitos a arriscar a suas vidas para tentar um reencontro. Todos sabem que a reunificação coreana é apenas uma questão de tempo.
As Duas Alemanhas. Outro exemplo mais conhecido é o da Alemanha que após a segunda guerra foi divida ficando a parte oriental como comunista e a o ocidental capitalista. Na capital, Berlin, a divisa entre elas foi demarcada com um muro. Este, no entanto, foi derrubado em 1989, pois o desejo de reunificação não se calou durante todas as décadas seguintes e superou as divisões impostas. Este muro foi derrubado porque existia só fisicamente e não no coração deles. Eles não se viam como alemães orientais ou ocidentais, apenas como alemães, antes de tudo.
Talvez os alemães não tivessem consciência, mas atitude deles já teve um precedente: um homem nascido judeu: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.”(Ef.2:13-16).Foi assim que Jesus juntou, ou melhor, originou a família de Deus.
Contudo, no decorrer do tempo, os homens levantaram outros muros que demarcaram institucionalmente a divisão entre nós, mas como família que temos em comum o sangue de Jesus, também desejamos a reunificação contra a força das instituições que insistem em prevalecer as separações. Trabalhar pela unidade dos cristãos é valorizar a obra de Jesus na cruz, ainda que para isso tenhamos que tomar a nossa cruz e renunciar nossa ideologia, para que o ideal de Jesus prevaleça. “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.”(Jo.17:22-23). Antes de qualquer instituição somos cristãos por isso em nosso coração não deve haver outras paredes de separação, especialmente no lugar daquelas que Jesus já derrubou.
Pedro Arruda*
* Pedro Arruda tem 53 anos, é casado há 29 anos com Clélia, tem três filhos, reside em Barueri – SP e atua como um dos coordenadores de um grupo de comunhão espalhado por várias cidades e estados do Brasil