Palavra de Deus é caminho de santificação, diz Pe. Cantalamessa
Em sua terceira meditação da Quaresma ao Papa e à Cúria
Caminho para santificar-nos: é o efeito da Palavra de Deus, que por sua vez requer um itinerário até deixar-nos assimilar por ela, sublinhou nesta sexta-feira, diante do Papa, o Pe. Raniero Cantalamessa O.F.M. Cap.
No percurso da lectio divina que, pelas mãos do apóstolo São Tiago (Tg 1, 18-25), o pregador da Casa Pontifícia propôs em sua terceira meditação da Quaresma, um tempo no qual está aprofundando na constatação paulina: «Viva e eficaz é a Palavra de Deus» (Hebreus 4, 12), também como preparação ao Sínodo dos Bispos (de 5 a 26 de outubro) sobre a Palavra.
Três fases sucessivas configuram a lectio divina: «acolher a palavra, meditar a palavra, pôr em obra a palavra», sintetizou o Pe. Cantalamessa.
A primeira «abraça todas as formas e modos com que o cristão entra em contato com a Palavra de Deus».
A advertência do pregador da Casa Pontifícia, com respeito a esta fase, se dirige ao perigo de fazer da «leitura pessoal da Palavra de Deus» «uma leitura “impessoal”», caindo na «inflação hermenêutica», «olhando» a Palavra como um espelho sem chegar a «olhar-se» propriamente nele.
«O outro perigo é o fundamentalismo: tomar tudo o que se lê na Bíblia ao pé da letra, sem mediação hermenêutica alguma», aponta.
Em contato com a Palavra, deve-se contemplá-la, meditá-la. O outro passo é não escrutar a Palavra, mas deixar-se escrutar por ela. Entre os efeitos desta segunda etapa, seguindo alguns que o Pe. Cantalamessa mencionou, está o conhecimento que se adquire de si mesmo -- porque se descobre a própria deformidade com «respeito à imagem de Deus e de Cristo» -- e o conhecimento do rosto de Deus.
«Vemos o coração de Deus», porque «Deus nos falou, na Eucaristia, do que transborda seu coração»: «o amor», refletiu.
Estes dois conhecimentos -- como dizia Santo Agostinho, «que me conheça para humilhar-me e que e conheça para amar-te» -- permitem «avançar pelo caminho da verdadeira sabedoria», prosseguiu o pregador do Papa.
Também a Palavra de Deus «assegura a toda alma que deseja uma direção espiritual fundamental e em si infalível» com sua meditação, «acompanhada da unção interior do Espírito que traduz a Palavra em boa “inspiração”», recordou o Pe. Cantalamessa.
Com esta contemplação, a Palavra se faz «a substância de nossa alma», «informa os pensamentos, manifesta a linguagem, determina as ações, cria o homem “espiritual”», é Palavra «assimilada» pelo homem, «ainda que se trata de uma assimilação passiva (como no caso da Eucaristia) -- precisou --, isto é , “ser assimilado” pela Palavra, subjugado e vencido por ela, que é o princípio vital mais forte».
Chegados a este ponto, tudo foi inútil se não se põe «em obra a Palavra»; isto é, deve-se apresentar-lhe obediência, advertiu o pregador apostólico ante Bento XVI e seus colaboradores da Cúria, chegando à terceira etapa da lectio divina.
A obediência de Jesus se exerce «de modo particular nas palavras que estão escritas sobre Ele e para Ele “na lei, nos profetas e nos salmos”», assinalou.
«As palavras de Deus, sob a ação atual do Espírito, convertem-se em expressão da vontade de Deus para mim, em um momento dado». É a obediência que todos -- leigos, clérigos, religiosos -- «podemos realizar sempre», concluiu.
Por Marta Lago
Fonte: ZENIT.org. CIDADE DO VATICANO. 7 de março de 2008. ZP080307. www.zenit.org
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