REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕES PARA OS OITO DIAS

 Dia 1
18/01/2011
A Igreja em Jerusalém
Joel 2, 21-22.28-29
 Derramarei meu Espírito sobre toda a carne.
Salmo 46   
Deus está no meio da cidade
Atos 2, 1-12
Quando chegou a dia de Pentecostes
João 14, 15-21
É ele o Espírito da verdade


Comentário

A caminhada desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos começa em Jerusalém no dia de Pentecostes, no início da própria caminhada da Igreja.
O tema desta Semana diz: “eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. “Eles” são a primitiva Igreja de Jerusalém, nascida no dia de Pentecostes quando o Defensor (Paráclito), o Espírito de verdade, desceu sobre os primeiros fiéis, como tinha sido prometido por Deus através do profeta Joel, e pelo Senhor Jesus na noite anterior ao seu sofrimento e sua morte. Todos os que vivem em continuidade com o dia de Pentecostes vivem em continuidade com a primitiva Igreja de Jerusalém, com seu líder São Tiago. Essa Igreja é a Igreja mãe de todos nós. Ela nos proporciona a imagem ou ícone da unidade cristã pela qual oramos nesta Semana.
De acordo com uma antiga tradição oriental, a sucessão na Igreja vem através da continuidade em relação à primeira comunidade de Jerusalém. A Igreja de Jerusalém nos tempos apostólicos é ligada à Igreja celeste de Jerusalém, que por sua vez se torna o ícone de todas as Igrejas cristãs. O sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém para todas as Igrejas é a manutenção das “marcas” da primeira comunidade cristã através do nosso empenho em estar “assíduos aos ensinamentos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”.
A atual Igreja de Jerusalém vive em continuidade com a Igreja apostólica de Jerusalém, particularmente por seu penoso testemunho da verdade. Seu testemunho do Evangelho e sua luta contra a desigualdade e a injustiça nos lembram que a oração pela unidade dos cristãos é inseparável da oração pela paz e pela justiça.

Oração

Todo poderoso e Misericordioso Deus, com grande poder reuniste os primeiros cristãos na cidade de Jerusalém, pelo dom do Espírito Santo, desafiando o poder terreno do Império Romano. Concede-nos que, como essa primeira Igreja de Jerusalém, possamos nos unir corajosamente na pregação e na vivência das boas novas da reconciliação e da paz, onde houver desigualdade e injustiça. Oramos em nome de Jesus, que nos liberta da servidão do pecado e da morte. Amém.

Dia 2
19/01/2011
Muitos membros de um só corpo
Isaías 55, 1-4
Vinde para as águas
Salmo 85, 8-13
Sua salvação está bem próxima
1 Coríntios 12, 12-27
Fomos batizados em um só Espírito para formarmos um só corpo
João 15, 1-13
Eu sou a verdadeira videira

Comentário

A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos é o modelo da unidade que buscamos hoje. Como tal, ela nos lembra que a oração pela unidade dos cristãos não pode ser um pedido de uniformidade, porque a unidade desde o começo foi caracterizada por uma rica diversidade. A Igreja de Jerusalém é o modelo ou ícone da unidade na diversidade.
A narrativa de Pentecostes no Livro dos Atos nos conta que estavam representadas em Jerusalém naquele dia todas as línguas e culturas do antigo mundo mediterrâneo e, além disso, que as pessoas que ouviram o evangelho em suas diversas línguas foram unidas umas às outras, pela pregação de Pedro, no arrependimento, nas águas do Batismo e através do derramamento do Espírito Santo. Ou, como escreveria São Paulo mais tarde, “todos nós fomos batizados em um só Espírito, para formarmos um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou homens livres, e todos nós bebemos de um único Espírito.” Não se trata de uma comunidade uniforme de pessoas com pensamento semelhante, de pessoas unidas pela língua e pela cultura que se tornaram um no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. M as era uma comunidade ricamente diversificada, cujas diferenças poderiam facilmente explodir em controvérsias, como foi o caso entre os helenistas e os cristãos hebreus sobre o descaso em relação às viúvas gregas, que São Lucas relata em At 5,1. Ainda assim, a Igreja de Jerusalém em unidade consigo mesma e era uma com o Senhor Ressuscitado que diz “Eu sou a vinha, vocês são os sarmentos: aquele que permanece em mim e no qual eu permaneço, esse produzirá frutos em abundância”.
Rica diversidade caracteriza hoje as Igrejas em Jerusalém, bem como no mundo inteiro. Isso pode facilmente descambar para a controvérsia em Jerusalém, que tem agora um acentuado clima de hostilidade política. Mas, como na primeira Igreja de Jerusalém, os cristãos em Jerusalém hoje nos recordam que há muitos membros num corpo, uma unidade na diversidade. Antigas tradições nos ensinam que a diversidade e a unidade existem na Jerusalém celeste. Elas nos relembram que diferença e diversidade não são o mesmo que divisão e desunião, e que a unidade cristã pela qual oramos sempre preserva a autêntica diversidade.

Oração

Deus, de quem flui toda a vida em sua diversidade, chamas tua Igreja, como corpo de Cristo, a estar unida no amor. Possamos nós aprender mais profundamente nossa unidade na diversidade, e buscar trabalhar juntos na pregação e na construção do teu Reino de amor abundante para todos, enquanto nos acompanhamos uns aos outros em cada lugar, em todos os lugares. Que tenhamos sempre em mente Cristo, como fonte de nossa vida em comum. Oramos na unidade do Espírito. Amém.

Dia 3
20/01/2011
A fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos nos une
Isaías 51, 4-8
Dai-me atenção, meu povo
Salmo 119, 105-112
Tua Palavra é lâmpada para os meus passos
Romanos 1, 15-17
Desejo vos anunciar o Evangelho
João 17, 6-19
Eu manifestei o teu nome

Comentário

A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos estava unida por sua fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos, apesar da grande diversidade de língua e cultura entre seus membros. O ensinamento dos apóstolos era seu testemunho da vida, do ensino, do ministério, da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Seu ensinamento é o que São Paulo chama simplesmente de “o evangelho”. O ensinamento dos apóstolos é o que São Pedro exemplifica em sua pregação em Jerusalém no dia de Pentecostes. Usando palavras do profeta Joel, ele conecta a Igreja com a história bíblica do povo de Deus, levando-nos para dentro da narrativa que começa com a própria criação.
Apesar das divisões, a Palavra de Deus nos congrega e nos une. O ensinamento dos apóstolos, a boa nova em sua plenitude, estava no centro da unidade na diversidade da primeira Igreja de Jerusalém. Os cristãos em Jerusalém nos relembram hoje que não foi simplesmente o “ensinamento dos apóstolos” que uniu a primitiva Igreja, mas a fidelidade àquele ensinamento. Tal fidelidade transparece quando São Paulo identifica o evangelho como “o poder de Deus para a salvação”.
O profeta Isaías nos recorda que o ensinamento de Deus é inseparável da sua justiça, que é “luz dos povos”, ou, como diz o salmista, “tua palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho... Tuas exigências são para sempre minha herança; são a alegria do meu coração”.

Oração

Deus da luz, nós te damos graças pela revelação da tua verdade em Jesus Cristo, tua palavra viva, que recebemos através do ensinamento dos apóstolos, ouvidos primeiramente em Jerusalém. Que o teu Espírito Santo continue a nos santificar na verdade do teu Filho, para que unidos nele possamos crescer na devoção à palavra, e juntos servir teu Reino em humildade e amor. Em nome de Cristo oramos. Amém.

Dia 4
21/01/2011
Partilha, uma expressão de nossa unidade
Isaías 58, 6-10
Não é partilhar o teu pão com o faminto?
Salmo 37, 1-11
Confia no Senhor e faze o bem
Atos 4, 32-37
Punham tudo em comum
Mateus 6, 25-34
Procurai primeiro o Reino de Deus

Comentário

O sinal de continuidade em relação à Igreja apostólica de Jerusalém é a fidelidade “ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. A Igreja de Jerusalém de hoje, porém, nos relembra a conseqüência prática de tal fidelidade – a partilha. Os Atos dos Apóstolos dizem simplesmente: “ Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2, 44-45). A leitura que fazemos hoje do Livro de Atos conecta essa partilha radical com o poderoso testemunho apostólico da ressurreição do Senhor Jesus e da grande graça que veio sobre eles. Os perseguidores romanos que vieram de pois observaram com certa pertinência: “vejam como eles se amam”.
Tal partilha de recursos caracteriza a vida do povo cristão em Jerusalém hoje. É um sinal de sua continuidade em relação aos primeiros cristãos; é um sinal e um desafio para todas as Igrejas. Isso liga a proclamação do Evangelho, a celebração da Eucaristia e a comunhão fraterna da comunidade cristã com uma radical igualdade e justiça para todos. Na medida em que tal partilha é um testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e um sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém, é igualmente um sinal da unidade que temos uns com os outros.
Há muitas maneiras de partilhar. Há a partilha radical da Igreja apostólica, onde ninguém passava necessidade. Há a partilha mútua de cargas, lutas, dores e sofrimentos. Há a partilha nas alegrias e conquistas, nas bênçãos e curas do outro. Há também a partilha de dons e compreensões entre uma tradição eclesial e outra, mesmo no meio de nossa separação, uma partilha ecumênica de dons. Tal generosa partilha é uma conseqüência prática de nossa fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna; é uma conseqüência de nossa oração pela unidade cristã.

Oração

Deus de justiça, teus dons são gratuitos. Nós te agradecemos porque nos tens dado o que precisamos para que todos possamos estar alimentados, vestidos, abrigados. Guarda-nos do pecado egoísta da acumulação de bens e inspira-nos para que sejamos instrumentos de amor, partilhando tudo que nos deste, em um testemunho da tua generosidade e justiça. Como seguidores de Cristo, leva-nos a agir juntos onde houver necessitados: onde famílias são privadas de suas casas, quando os mais vulneráveis sofrem nas mãos dos poderosos, onde a pobreza e o desemprego destroem vidas. Oramos em nome de Jesus, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Dia 5
22/01/2011
Partindo o pão na esperança
Êxodo 16, 13b- 21a
É o pão que o Senhor vos dá para comer
Salmo 116, 12-14.16-18
Eu te oferecerei um sacrifício de louvor
1 Coríntios 11, 17-18.23-26
Fazei isto em memória de mim
João 6, 53-58
Este é o pão que desceu do céu

Comentário

Da primeira Igreja de Jerusalém até agora, a “fração do pão” tem sido um ato central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.
Hoje nós também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos, a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião. Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia libertado, fornecendo-lhes o que precisavam – não mais e não menos. O maná no deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente ação de graças – porque Deus “abriu os grilhões”.
O que São Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia, mas ser um povo eucarístico – tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos “em memória dele”.
Sendo povo da fração do pão, somos povo da vida eterna – vida em plenitude – como nos ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia, enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar na esperança.

Oração

Deus da esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu. Perdoa por não sermos dignos desse grande dom – por nossa vida em divisões, por nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor, oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.

Dia 6
23/01/2011
Fortalecidos para a ação na oração
Jonas 2, 1-9
Ao Senhor é que pertence a salvação
Salmo 67, 1-7
Que os povos te rendam graças, ó Deus!
1 Timóteo 2, 1-8
Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade
Mateus 6, 5-15
Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade

Comentário

Seguindo-se à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração. Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a missão em conjunto.
Para Jonas, a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a orar para que a face de Deus brilhe sobre nós – não apenas para nosso benefício mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.
A Igreja apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.
Essa vida dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos. Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor. Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e reconciliação.

Oração

Senhor Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas, há pessoas que te buscam em oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

Dia 7
24/01/2011
Vivendo a fé da ressurreição
Isaías 60,1-3.18-22
Chamarás as tuas muralhas de Salvação e as tuas portas de Louvor
Salmo 118, 1.5-17
Não, não morrerei, viverei
Romanos 6, 3-11
Pelo batismo nós fomos sepultados com ele em sua morte...a fim de que também nós levemos uma vida nova
Mateus 28, 1-10
Então Jesus lhes disse: não temais

Comentário

A fidelidade dos primeiros cristãos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações tornou-se possível, sobretudo, pelo vivo poder de Jesus Ressuscitado. Esse poder ainda está vivo, e hoje os cristãos de Jerusalém dão testemunho disso. Sejam quais forem as dificuldades da atual situação em que se encontram – não importa quanto ela se pareça com o Getsemane ou Gólgota – eles sabem, pela fé, que tudo isso é transformado pela verdade da ressurreição de Jesus dos mortos.
A luz e a esperança da ressurreição mudam tudo. Como profetiza Isaías, é a transformação da escuridão em luz; é a iluminação para todos os povos. O poder da ressurreição brilha a partir de Jerusalém, o lugar da Paixão do Senhor, e conduz todas as nações ao seu brilho. Isso é uma nova vida, na qual a violência é abandonada e a segurança é encontrada na salvação e no louvor.
No Salmo temos palavras para celebrar a experiência cristã central de passagem da morte para a vida. Esse é o sinal permanente do firme amor de Deus. Pois, como ensina São Paulo, no batismo entramos no túmulo com Cristo e ressuscitamos com ele. Morremos com Cristo e vivemos para partilhar sua vida ressuscitada. E assim podemos ver o mundo de forma diferente – com compaixão, paciência, amor e esperança – porque em Cristo as lutas presentes nunca podem ser a história toda. Mesmo como cristãos divididos, sabemos que o batismo que nos une é suportar a cruz à luz da ressurreição.
Para o Evangelho cristão essa vida de ressuscitado não é meramente um conceito ou uma idéia que pode ajudar. Está enraizada num evento vivenciado no tempo e no espaço. É esse evento que ouvimos recontado na leitura do Evangelho com grande sentimento de humanidade e drama. De Jerusalém o Senhor Ressuscitado envia saudações a seus discípulos através das eras, nos chamando a segui-lo sem medo. Ele vai à nossa frente.

Oração

Deus, protetor da viúva, do órfão e do estrangeiro – num mundo onde tantos conhecem o desespero, ressuscitaste teu Filho Jesus para dar esperança à humanidade e renovar a terra. Continua a fortalecer e unificar tua Igreja em suas lutas contra as forças da morte no mundo, onde a violência contra a criação e a humanidade obscurece a esperança da nova vida que ofereces. Assim oramos em nome do Senhor Ressuscitado, no poder do Espírito Santo. Amém.

Dia 8
25/01/2011
Chamados ao ministério da reconciliação
Gênesis 33, 1-4
Esaú correu ao encontro de Jacó, apertou-o ao peito... eles choraram
Salmo 96, 1-13
Dizei entre as nações: o Senhor é rei
2 Coríntios 5, 17-21
Deus nos reconciliou consigo pelo Cristo e nos confiou
o ministério da reconciliação
Mateus 5, 21-26
Deixa a tua oferenda ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão

Comentário

Nossas orações desta semana nos levaram a uma caminhada em conjunto. Guiados pelas Escrituras, fomos chamados a retornar a nossas origens cristãs – aquela Igreja apostólica de Jerusalém. Ali temos visto fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. No fim de nossas reflexões sobre o ideal de comunidade cristã que nos é apresentado em At 2,42, voltamos ao nosso próprio contexto – as realidades das divisões, os descontentamentos, decepções e injustiças. Neste ponto da reflexão, a Igreja de Jerusalém nos coloca a questão: para que, então, ao concluir esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, somos chamados aqui e agora?
Os cristãos em Jerusalém hoje nos sugerem uma resposta: somos chamados, acima de tudo, ao ministério da reconciliação. Tal chamado tem a ver com reconciliação em muitos níveis, no meio de uma complexidade de divisões. Oramos pela unidade dos cristãos para que a Igreja possa ser um sinal e um instrumento para a cura de divisões e injustiças políticas e estruturais; oramos pelo convívio justo e pacífico de judeus, cristãos e muçulmanos; oramos pelo crescimento da compreensão entre pessoas de todas as crenças e também dos que não têm nenhuma. Em nossa vida pessoal e familiar também o chamado à reconciliação precisa encontrar uma resposta.
Jacó e Esaú, no texto de Gênesis, são irmãos e ainda assim se estranham. Sua reconciliação acontece mesmo quando seria de se esperar a permanência do conflito. A violência e os hábitos de rancor são abandonados quando os irmãos se encontram e choram juntos.
O reconhecimento de nossa unidade como cristãos – e de fato como seres humanos – diante de Deus nos leva ao grande canto do salmo de louvor ao Senhor que governa o mundo com amorosa justiça. Em Cristo, Deus busca reconciliar consigo todos os povos. Descrevendo isso, São Paulo, em nossa segunda leitura, celebra uma vida de reconciliação como “uma nova criação”. O chamado a reconciliar é o chamado para permitir que o poder de Deus em nós faça novas todas as coisas.
Mais uma vez, sabemos que essas “boas novas” nos chamam a mudar o nosso modo de viver. Como nos desafia Jesus, no relato dado por São Mateus, não podemos continuar fazendo nossas ofertas no altar sabendo que somos responsáveis por divisões ou injustiças.
O chamado à oração pela unidade dos cristãos é um chamado à reconciliação. O chamado à reconciliação é um chamado a ações, mesmo ações que venham a interferir em nossas atividades eclesiais.

Oração

Deus da Paz, nos te damos graças porque enviaste teu Filho Jesus, para que possamos nele nos reconciliar contigo. Dá-nos a graça de sermos servos ativos de reconciliação dentro de nossas Igrejas. Assim, ajuda-nos a prestar serviço à reconciliação de todos os povos, particularmente em tua Terra Santa , o lugar onde derrubaste a muralha de separação entre os povos e uniste a todos no Corpo de Cristo, sacrificado no Monte Calvário. Enche-nos de amor mútuo. Que a nossa unidade possa prestar serviço à reconciliação que desejas para toda a criação. Oramos no poder do Espírito Santo. Amém.


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Fonte: Zenit. Cidade do Vaticano. 22/02/2008, ZP080222. www.zenit.org
Oração, fonte de beleza e amor
Fonte: ZENIT. Roma. 21/02/ 2008. ZP082102. www.zenit.org      
Exercícios Espirituais, «forte experiência de Deus», explica Papa
Fonte: ZENIT. Cidade do Vaticano.11/02/2008. ZP080211. www.zenit.org    


 

"A fé é o fundamento da esperança". (Heb 11,1)